Um colega comprou um celular “à prova d’água” e foi fazer mergulho com o aparelho para tirar fotos. O resultado foi que o aparelho apresentou um defeito devido à entrada de água. O fabricante alegou que o produto não foi feito para agüentar aquela profundidade. Quem está com a razão neste caso?
Para evitar esta dúvida, os organismos de normalização desenvolveram padrões para medir a resistência dos produtos a diversas agressões possíveis na utilização dos mesmos. Neste post vamos discutir as mais usuais: a penetração de água e corpos soídos no interior dos produtos.
A penetração de água e corpos sólidos pode causar diversos problemas em equipamentos. Como no caso descrito no início do post, equipamentos elétricos não funcionam bem na presença de água, pois esta é condutiva. Além disso, a água acelera o processo de oxidação de metais, popularmente conhecido como ferrugem. Por isso, mantê-la fora de partes não protegidas é importante para o funcionamento de produtos. Cabe também lembrar que além da água, outros líquidos podem estar presentes no ambiente. Shampoos, detergentes, entre outros líquidos, também devem ser mantidos longe de partes que não sejam devidamente protegidas.
Também é importante explicar o termo “corpos sólidos”. Diferente dos líquidos não há um elemento sólido típico,estamos falando de coisas como palitos, fios, areia, talco ou até um dedo humano. Existem vários motivos para evitar que estes elementos entrem em equipamentos, por exemplo, não queremos que uma criança coloque o dedo em uma tomada ou que algum produto granulado entre nas engrenagens de uma máquina.
Já explicamos o que e por que não queremos a penetração de água e sólidos agora vamos explicar como “medir” a resistência dos produtos.
A IEC (Comissão Eletrotécnica Internacional na sigla em inglês) na IEC 60529 definiu um método de teste dos invólucros conforme sua resistência a estes dois elementos. Na prática, cada invólucro recebe uma graduação que é apresentada da seguinte forma:
Onde IP é a sigla de Índice de Proteção, a letra “X” é um numeral de 0 a 6 que indica a proteção contra sólidos e “Y” é um numeral de 0 a 8 que indica a proteção contra líquidos.
Na tabela a seguir temos cada numeral e o que ele significa:
Alguns outros exemplos práticos da aplicação desta norma:
Voltando ao caso mencionado no início, o celular tinha um grau de proteção IP 66, ou seja, totalmente protegido contra poeira (primeiro 6) e protegido contra projeção de água (segundo 6). Nosso colega pensou que ele era um IP68, ou seja, totalmente protegido contra poeira (numeral 6) e protegido contra imersão prolongada sob pressão (numeral 8) e por isso o celular parou de funcionar.
Nós realizamos o teste IP nos nossos Quadros CE, veja o resultado abaixo: