• Disjuntores residuais
  • heróis desconhecidos.
  • 27 de abril de 2017
  • Em post anterior, explicamos um pouco sobre o funcionamento e a importância dos disjuntores em instalações elétricas residenciais e desmistificamos o fato de eles protegerem pessoas de choques elétricos.

     

    Muitas pessoas ainda acreditam que um disjuntor irá protegê-las contra choques elétricos. Então, vamos tentar explicar porque essa confusão ocorre e mostrar como realmente proteger você e sua família adequadamente.

     

    DR

     

    Vamos direto à situação:

     

    Uma pessoa encosta em um fio energizado.

     

    1 - Se a corrente que passar por ela for de até 0,5 mA (região 1) nada irá acontecer com ela.

     

    2 – Se a corrente for de 0,5 mA até um pouco mais que 10 mA, ela irá sentir um leve formigamento e algum desconforto, que são reflexos dos músculos contraindo-se devido à corrente elétrica.

     

    3 - Acima de 10 mA, irá depender do tempo que essa pessoa permanecer em contato com o fio. Enquanto estiver na região 2, ela sentirá somente leves sintomas, mas em situações de tempo ou correntes maiores, os efeitos serão muito piores. Na região 3 podem ocorrer contrações musculares violentas, paradas cardiorrespiratórias e outros sintomas que, só se se tratados a tempo, podem ser revertidos.

     

    4 - Se a intensidade e o tempo de exposição estiverem na região 4, a ocorrência de sintomas como acima descritos é altamente provável, além de queimaduras e outros efeitos irreversíveis, podendo ocorrer até a morte do indivíduo.

     

    Ou seja, considerando que um disjuntor é ativado normalmente acima de 2000 mA (2A), sua atuação sempre ocorrerá na região 4, na qual já temos os piores efeitos. Por isso, eles não podem ser considerados efetivos quando falamos de proteção de seres humanos contra choques elétricos e há outros tipos de disjuntores feitos exclusivamente para essa função.

     

    Visando à proteção de pessoas contra os efeitos de choques elétricos, foram desenvolvidos os disjuntores residuais (DR) que, apesar de também se chamarem disjuntores por interrompem o circuito, trazem a palavra “residuais”, que faz toda a diferença, explicando o princípio de funcionamento desse dispositivo.

     

    Vamos à explicação:

     

    Para começar, é preciso saber que a soma das correntes das fases e do neutro de uma instalação devem ser sempre zero. Esse é um fato da engenharia elétrica que poucas pessoas sem domínio técnico do assunto conhecem, mas que é usado como princípio de funcionamento do DR.

     

    O que ocorre quando uma pessoa encosta em um fio energizado é que ela drena a corrente para o aterramento, fazendo com que a somatória dessas correntes não seja mais zero. Ou seja, um resíduo de corrente está saindo para o terra, que no caso é a pessoa encostada no fio, e o que nosso amigo DR faz é medir essa corrente residual, daí o seu nome.

     

    Então você pergunta: O DR substitui o disjuntor geral?

     

    Para fins deste post, a resposta é NÃO.

     

    Em um post futuro, vamos explicar isso em mais detalhes, mas para o momento essa é a resposta mais segura para quem não tem domínio do conhecimento técnico necessário para lidar com os variados tipos e funções dos disjuntores.

     

    No desenho a seguir, temos uma representação de uma instalação residencial. Nela, as fases (F) são representadas em preto, o neutro em azul e o aterramento pela linha verde e amarela (PE).

     

    Observem que estes três cabos vêm da concessionária e entram no quadro de distribuição, e somente as fases passam pelo disjuntor geral, que é o primeiro à esquerda.

     

    Ao lado direito do disjuntor geral, temos o Disjuntor Residual (DR). As fases e o neutro passam pelo DR, pois, como dissemos anteriormente, esse dispositivo tem que medir a corrente dos três cabos.

     

    Você pode identificar que o DR da foto tem quatro bornes, mas nós só estamos usando 3. Isso ocorre, pois alguns sistemas de alimentação usam três fases, mas é pouco usual no mercado, e deixar um borne sem conexão não afeta o funcionamento do DR.

     

    DR

     

    Vamos olhar em mais detalhes o seu chuveiro, por exemplo:

     

    Normalmente, a corrente circula entre as duas fases, conforme mostrado pela seta verde, porém ele pode ter uma falha de isolação e parte da corrente pode circular pelo cabo de aterramento, conforme indica a seta vermelha.

     

    Nesse caso, o DR verá que a soma das correntes das duas fases não é zero, pois parte da corrente vai para o aterramento, e vai desarmar. Assim, você nem sentiria o choque, pois quando ligasse o chuveiro, o defeito apareceria.

     

    É por isso, inclusive, que, às vezes, as pessoas reclamam que o DR “está desarmando demais”. Lembre-se, ele é um dispositivo de segurança, logo, se está desarmando, há um problema e um profissional habilitado deve ser chamado para corrigi-lo.

     

    Outro problema é que nós todos sabemos que o aterramento não está presente em todas as instalações elétricas brasileiras e, neste caso, o aterramento seria o corpo da pessoa tomando banho, ou seja, alguém vai levar um choque, mas mesmo assim o DR iria atuar antes que a corrente passando fosse irreversivelmente danosa para a pessoa em questão. A vítima sentiria um leve desconforto do choque, mas não teria nenhum outro efeito danoso, além da água fria na cabeça. Ruim, porém seguro.

     

    As normas brasileiras exigem que todos os imóveis residenciais novos sejam equipados com DR, justamente para proteger as pessoas que irão viver nestes locais. Por isso, se for adquirir um imóvel, verifique se ele está equipado com DR da LEGRAND.

     

    Infelizmente, por não saber o que este produto proporciona, muitas pessoas cometem o erro de não exigirem em DR de qualidade. Já você não pode dizer o mesmo. Então, se você for reformar seu imóvel, não vá “economizar” em um item tão importante para sua segurança.

     

    DR

     

    Outra coisa que poucas pessoas sabem é que é possível e recomendado testar o DR periodicamente. E, para isso, basta pressionar o botão de teste, presente em todos os itens, que ele deverá desarmar. Se isso não acontecer, você deve procurar seu eletricista de confiança para que ele verifique o que está acontecendo.

     

    Finalmente, gostaríamos de ressaltar que este é um post voltado a pessoas sem conhecimentos técnicos aprofundados. Sabemos que há muitos outros detalhes a respeito do DR que não foram mencionados aqui e pedimos aos que possuem esse domínio que entendam as simplificações realizadas aqui e os detalhes suprimidos.

     

    Outras especificações como dimensionamento, modo de instalação, seletividade de disparo e outros temas devem ser sempre considerados para se realizar uma instalação adequada.

     

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