Dois temas de extrema importância para a gestão condominial - comunicação e conflitos - foram abordados durante a Convenção Secovi, realizado pelo Secovi-SP entre os dias 30/8 e 2/9, na sede do Sindicato. "Muitos conflitos começam pela falta de comunicação", afirmou Sérgio Meira de Castro Neto, diretor de Condomínios da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios da entidade, que coordenou os painéis para síndicos e administradoras.
Com a participação de 60 pessoas, o painel sobre "Comunicação em Condomínios", na noite do dia 31/8, levantou questões importantes para a boa convivência na comunidade. A psicóloga Wanda Sanchez deu várias dicas para melhorar o relacionamento interpessoal, instigando a refletir sobre o que a pessoa pretende atingir. "A comunicação é o maior desafio do relacionamento entre as pessoas", disse, lançando as seguintes questões: "o foco está na solução ou no problema; você quer manter o relacionamento ou afastá-los?."
Para Wanda, é importante reconhecer o interlocutor e o nosso perfil ao comunicar, mencionando as características dos perfis de dominante, analítico/sistemático, emocional e criativo. "As regras para uma boa comunicação com foco na solução são: saber ouvir, fazer perguntar pertinentes, utilizar argumentos positivos, procurar entender a lógico do outro, dar atenção ao conteúdo e não na forma de expressão, argumentar com fatos e dados, utilizar recursos de gentileza, evitar preconceitos, hostilidade, expressões depreciativas, informalidade, excesso de intimidade e personalizar a situação", elencou Wanda.
Do comunicado ao whatsapp - "Será que o comunicado simples é a melhor formar de comunicação no condomínio", questionou o palestrante Marcelo Amorim, da Viva Condomínios, que mostrou várias formas diferenciadas e criativas de passar as informações ao condômino. "Até uma ata, que é um documento formal, pode ter um visual interessante com a utilização de imagens e ícones, aumentando a chance de leitura", afirmou.
Amorim, que é engenheiro e síndico profissional, disse que há várias formas de comunicação, destacando a produção de informativos em um painel no hall e dentro do elevador, blog, site com cadastro atualizado, cartilha com informações do bairro, página nas redes sociais e grupo no whatsapp, além da realização de eventos internos. "Essa é a melhor maneira de integração dentro do condomínio. Por que investir? É seguro, confortável e custo baixo."
"A responsabilidade de comunicar é do síndico. Se não mostrar o que está sendo feito no condomínio, o morador não saberá", afirmou Amorim. "Como dizia o Chacrinha, quem não se comunica se trumbica", resumiu Sérgio Meira.
Conflitos em Condomínios - Mais de 100 pessoas estiveram no segundo painel, na noite do dia 1º/9, e tiveram a oportunidade de conhecer mais amplamente a mediação como método alternativo de resolução de impasses no condomínio.
Meira citou os cinco "cês" que são os maiores causadores de brigas envolvendo condôminos, síndicos e funcionários: cachorro, criança, cano (vazamento), carro e calote (inadimplência), contando algumas situações que ocorrem e que poderiam ter sido evitadas se houvesse diálogo entre as partes.
Neste sentido, os especialistas Eduardo Hidal e Lia Sampaio, da Fundação Getúlio Vargas, explicaram como funciona a mediação, detalhando o papel do mediador como facilitador da comunicação. "Ele tem a possibilidade de auxiliar as pessoas, utilizando-se de técnicas que vão promover o diálogo e chegar a um acordo, que é construído entre elas", disse Lia.
"Durante as sessões de mediação, o mediador administra a participação de todos os envolvidos para a manutenção da ordem, respeito e integridade física e emocional", adicionou Eduardo, chamando a atenção para a importância do ouvir. "As pessoas sentem-se respeitadas quando são ouvidas."
Eles também explicaram que a medição cuida da subjetividade, do emocional, e o mediador é uma espécie de agente da realidade. "As pessoas quando estão em conflito começam a imaginar coisas", destacou Eduardo.
Cultura da paz - O poder judiciário demorou para perceber que não consegue resolver, adequadamente, alguns conflitos", disse o juiz de Direito Marcos Pagan, titular da Segunda Vara do Juizado Especial Cível de São José dos Campos.
Pagan admitiu que a Justiça está em crise. "Há uma incapacidade de gestão de processos, alto custo, insegurança jurídica, cipoal legislativo (muitas leis)", afirmou, acrescentando que "esse reconhecimento da nossa limitação levou à uma cultura de paz. Precisamos de outros meios de soluções de conflitos. Estes meios não são mais alternativos. São legais e a mediação é um deles. Hoje, chamamos de métodos adequados de solução de conflitos", afirmou.
Pagan informou que existem 100 milhões de processos judiciais no Brasil. "As pessoas perderam a capacidade de resolver seus problemas", disparou Pagan, adicionando que são, em média, 200 milhões de pessoas litigando e cada processo custa R$ 1.800.
"Precisamos de mais agentes multiplicadores, como o síndico, para serem multiplicadores da cultura da paz e possamos impedir o litígo", disse. "Cada vez que resolvemos um conflito, estamos promovendo a paz", afirmou, finalizando com uma citação de São Francisco de Assis: "Deus, faça-me instrumento da vossa paz."
Câmara de Mediação - Márcio Chéde, coordenador da Câmara de Mediação do Secovi-SP, que participou do painel como debatedor, disse concordar com todas as colocações dos palestrantes, salientando, contudo, que o síndico não deve tentar resolver o conflito no condomínio.
"Mediar não é tão simples. É preciso um profissional capacitado e treinado para isso", afirmou, informando que "o Secovi-SP implantou sua Câmara de Mediação em 2007 e, desde então, já efetuou mais de 700 mediações. "O índice de sucesso é alto: 90% dos casos resultaram em acordo", revelou Chéde.
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