Música de espera – aquilo que você ouve quando precisa fazer uma reclamação via telefone, seja com sua agência bancária, seja com uma operadora de telefonia – não começa a tocar por acaso. Ela é projetada especificamente para lhe dar a impressão de que você está esperando há menos tempo do que realmente está, porque assim diminuem as chances de você ficar com raiva e desligar. Outros lugares que envolvem espera, como consultórios médicos, também costumam usar música. A distorção da sensação de tempo também é importante para a maior parte das lojas. É por isso que dificilmente você entra em um shopping center, supermercado ou loja de roupas sem ouvir algum tipo de música de fundo.
Como funciona?
Para compreender exatamente como a música causa essa falsa sensação da passagem do tempo, pense no cérebro humano como um leão que está comendo um saco de dinheiro. Não importa o que o tratador do zoológico vai usar para distraí-lo – comida, objetos brilhantes ou simplesmente gritar e abanar os braços. Tudo o que importa é que isso permita a um outro tratador tenha a chance de entrar de fininho e recuperar o saco de dinheiro enquanto o leão está ocupado decidindo em qual deles vai se concentrar.
De forma semelhante, quando seu cérebro está constantemente distraído, você fica menos propenso a perceber as coisas em torno de si em detalhes, e isso inclui a passagem do tempo. Nosso cérebro tem uma capacidade limitada de absorção de informação, e quando alguma coisa está usando essa capacidade, somos menos propensos a pensar coisas como: “Estou nesta fila para pegar um autógrafo de alguém que nem conheço direito por três horas” e “Será que eu realmente preciso deste despertador do Garfield”?
Mas funciona da maneira oposta, também. Em algumas situações, ouvir música pode aumentar o tempo percebido. Por exemplo, ouvir música durante a execução de outra tarefa que exige concentração, normalmente nos leva a superestimar a quantidade de tempo que passou. A teoria é que, conforme sua mente alterna-se entre a percepção da música e a concentração na tarefa, forma diferentes “eventos”, ou memórias distintas. Assim, quando seu cérebro pensa sobre o que você tem feito na última hora, se lembra de mais de um evento ou memória e acha que a hora foi bastante longa.
O tempo também se expande quando ouvimos uma música conhecida da qual não gostamos. Logo no início, nosso cérebro recorda qual é aquela canção, e todo o seu conteúdo é lembrado mentalmente. Esta “memória falsa” é extremamente vívida, e trabalha exatamente nas mesmas partes do cérebro que a música real. Assim, o efeito é que leva apenas um breve momento para você imaginar vividamente que está sentando durante cinco minutos ouvindo aquele cantor chatíssimo, antes de voltar à realidade apenas para se dar conta de que ainda vai ter que aguentar cinco minutos daquele cantor chatíssimo.
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